terça-feira, 26 de outubro de 2010

Meu dinossauro

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sem importância e mal escrito. A culpa é da linguagem limitada e não da minha própria limitação. Fica melhor assim. Pra mim.

"O ser humano tem um filtro em algum lugar do cérebro que não o permite ver todas cores. E nem as cores certas. Não é assim com os animais? Por que conosco seria diferente? Você acha que seu azul é igual ao meu? Meu branco tem seu azul, seu vermelho, seu amarelo. Me desculpe, o MEU azul, o MEU vermelho, o MEU amarelo. Ainda estou com problemas para dar novos nomes e novos conceitos.
Assim, meu branco não é mais meu branco. Será que as minhas carambolas azuis tem o mesmo gosto azul pra você? Já me perguntei se algumas pessoas ouvem músicas de outra maneira, mas aí já estou entrando em outra questão. Não estou querendo falar de gostos, estou traçando uma realidade, uma verdade. Se todos sentem a mesma coisa. O mesmo gosto azedo de limão, o gosto azedo por ele mesmo azedo. A mesma nota musical, o mesmo orgasmo.
Meu único referencial por aqui sou eu. Era, não é mais. Desde que meu branco virou meus ex-vemelho, ex-azul e ex-amarelo, eu perdi a noção de referencial. (E por sua vez, meu ex-vermelho tornou-se algo entre uma outra mistura de cores NOVAS). E sem minha noção de referencial, junto paro de achar valor na linguagem. A limitação enorme do nosso rico vocabulário. Rico que não serve pra passar nada além de pontos de vistas (todos do receptor, claro).
Ah, as minhas novas cores nem deveriam mais serem chamadas de cores. Pois faz parte de sua "cor", o seu movimento. E seu gosto, e sua textura. Mas textura costumava ser exato, ser universal. Não é mais. Só tenho pena de quem olha uma parede branca (seja que diabos for o branco pra você) e não vê as milhares de minhocas coloridas dançando sem sentido. E é sério."

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

VISÃO 1

VISÃO 1

Não, não conheço nada e quanto mais eu conheço, mais quero beijar minhas pílulas.
Não tenho nada que poderei levar comigo para a tal da outra vida, ou para o verdadeiro vazio. Nada, nem um conhecimento. De que vale um conhecimento no vácuo? Almas no vácuo. Almas vazias. O que vale?
Só sei que queria saber menos que o nada que eu sei. Quanto mais vazio, melhor. Não ter a consciência do saber, do não saber. Ser, existir, pela pura e inevitável existência. Questionar menos, respirar mais.
Ser manipulavelmente feliz, manipulavelmente oco, o que for.
Não é obedecer, é ser "tanto faz". Não é que eu espero tudo isto acabar. Tá, eu espero, mas eu queria não saber disso. Queria imaginar que estou vivendo normalmente, mas sem adquirir conhecimento algum, amor algum, apego algum. Já ouviu  falar em amor? Tudo mentira. Tudo de plástico. Não, tudo de farinha. Não, também não é isso. Amor é mentira. Amor é algo que inventaram para ser mais suportável viver, pobre deles que não sabem o prejuízo que traz. Mas tanto faz, você não vai levar seu amor, nem sua amada pra porra do nada. A questão é não pensar nisso, já  disse, não questionar.
O que eu faço?!? Sei lá, ando. Não, não admiro a paisagem, não admiro nada. Preferia ser cego, surdo, analfabeto, sem tato, sem olfato, sem paladar. Só não ser mudo. Sou a favor da forma de expressão, seja lá como for, seja lá porquê. Passaria meus dias gritando. Gritando não sei o quê, mas gritando. Sei, não iria ouvir. Será que eu sentiria algo? Êxtase e prazer seco, únicas coisas boas de se desfrutar que temos por aqui.
Me disseram uma vez que toda essa minha opinião faz parte de algum tipo de conhecimento meu. Conhecimento inútil, claro. Me questionei se conhecimento inútil é válido. Mas que merda, claro que não é válido e não existe conhecimento útil. Se um conhecimento que te leva a ter a bunda em um lugar mais macio e o estômago mais cheio por menos tempo e menos dinheiro (dinheiro!) é útil é porque ninguém aqui sabe viver!
Seres humanos, bem humanos, sendo preparados maquinalmente bem quentinhos e confortáveis apenas para o dia em que se desligarem e deixarem tudo aqui sem dono. Enquanto isso, os sem-porra-nenhuma, sem-nada-no-estômago, sofrendo e se iludindo, pedindo o mínimo, mas desejando a vida perfeita de um dia comer caviar. Grandes sobreviventes. Os confortáveis, claro. É isso tudo que você quer conhecer?

(2006)

Meu lúcido ser

Tenho surtos psicóticos, tendência suicida, ataques histéricos e gosto de engolir baratas. Não tenho nada muito sério, tudo começou com meu pavor de telefone. E eletrodomésticos. E computador. Meus dedos estão tremendo aqui. 
Estou com medo de acordar, eu sei que tudo isso é um sonho, eu ainda tenho cinco anos de idade pensando ter bem mais.
É, eu não tenho nada muito sério. Aliás, nada aqui é sério. Minha casa não é séria, minhas roupas não são sérias e minha geladeira acho que também não é muito séria.
As traças estão na lista de minhas melhores amigas. Ou amigos, nunca perguntei o sexo delas. Elas me escutam e não me interrompem, me veem chorando e não riem de mim.
Eu quero uma vitrola, uma garrafa de pinga e outra vitrola. Na verdade eu quero três vitrolas. E um lápis de cor. Pode ser azul, a cor que mais gosto.
Eu tenho uma coruja de estimação, mas eu a perdi, em algum lugar... Ela comia meus livros...Tomara que tenha morrido, deve ter sido ela que atacou meu pé de pimenta. Só não tenho certeza se era pimenta, nunca nasceu nenhuma. Ah, mas o barbudo que me vendeu garantiu que eram pimentas...
Estou com medo de novo, o telefone está tocando, acho que vou me matar.








09/2004