Não sou de todo fora daqui, creio que aqui meu corpo fora concebido, dentro de um útero humano. O resto que costumo chamar de "eu" apenas é de um planeta onde não existe material, não existe coisas, não existe o "palpável", não existiu meu corpo. Não tenho átomos. Somos mais um tipo de gás, daqueles invisíveis aos olhos humanos. Não, não é gás, é como o meu planeta.
Não sei mesmo te dizer o que é frio ou o que é quente. Não saberia te dizer ao menos a cor do meu planeta, lá essas coisas não existem, ou não importam. A palavra terrestre mais próxima que consegui encontrar por enquanto para descrever o meu planeta é: Essência. E não saberia nem aplicá-la em uma frase. Não sei se é de fato uma essência, ou se é composta por essências. Essência apenas. A gente vem para conhecer os cinco sentidos humanos. Nos encantamos por saber que são abstrações somente possíveis através de um corpo sólido.
Fico depois da morte do corpo, do humano. Não sou alma, nem vou para céu ou inferno. Fico por aí, ou entro em outros corpos. Um humano não precisa de nós para viver. Alguns não nos carregam. Humano é humano, nós somos nós. Podemos viver juntos ou não. Mas nós sem eles não somos enxergados e não temos utilidade por aqui. Mas quando somos vistos, sempre acham que são eles. E há aqueles que acham que não existe humano sem um de nós, mesmo sem saber o que somos.
A gente pode morrer, mas é difícil, geralmente o que acontece é um de nós trocar de corpo com algum outro. Na verdade, ainda nem descobri o que nos mata! Já substituí outros seres do meu planeta, já entrei em mais de um corpo de uma vez. Fica um pouco de mim em cada canto. Prazer, meu nome é Ideia.
